Coração vulcânico


Coração vulcânico

Eu sempre achei bem complicado ser uma pessoa muito sensível, com sentimentos demais, muito aflorada e todas essas coisas. Tive até uma fase bem fria da vida, mas eu não sei quando foi que ela foi chegou, nem quando foi passando. Foi rapidinha comparada aos quase 24 anos de existência.

Já quis ser outras pessoas, ter outras atitudes e posicionamentos. Tudo com o objetivo de sentir menos, porque fui descobrindo que sempre que eu demonstrava demais o que eu sentia, estava correndo um risco enorme de quebrar a cara. Mas se eu não demonstrava, ficava engasgada sentindo tudo sozinha. Queria ser menos intensa. Queria sentir menos. Queria ser mais leve. Queria ser menos trouxa, falar menos, demonstrar menos, colocar menos pra fora.

Ano passado eu fui sentindo cada vez menos alegria com o passar dos dias e a tristeza chegou com a intensidade certa que poderia caber no meu corpo. Preenchendo o coração, os dedos, os olhos, a boca, e o que mais pudesse ocupar. Dessa vez era a dor que eu queria parar de sentir. A decepção, a solidão e o vazio enorme.

Conforme o processo de cura foi acontecendo, eu conseguia enxergar que o tanto que eu sentia poderia ser transferido pra apreciar tudo de lindo que a vida estava me dando. Foi o suco de tangerina com morango, os coqueiros balançando na praia de boa viagem, a presença de pessoas queridas na minha vida, minha cachorra, o carinho dos familiares.Foi devagarinho que eu encerrei um dos anos mais difíceis da minha vida.

Eu estava preparada pra começar um ciclo novo, com um novo olhar, com mais positividade. Não que eu não tivesse tentado antes, porque eu tentava com todas as minhas forças, mas estava doente, cansada e sem esperança. Resolvi que durante esse novo ciclo eu faria ainda mais coisas boas pela primeira vez. Assim também resolvi parar para pensar nas conquistas do ano anterior. Ele tinha sido tão complicado, mas quando fiz uma lista das coisas incríveis que realizei (também pela primeira vez), fiquei impactada demais com tantas novidades maravilhosas. Pensei que se em 2017, um ano tão duro, eu consegui em meio à muita dor fazer aquelas coisas, 2018 seria esplêndido.

foto que tirei da porta da casa de Thiago Couceiro ❤

Então o novo ciclo começou e até agora tem 45 dias. São sim alguns dos 45 dias mais intensos que eu já vivi. Logo eu que rejeitei tanto a minha intensidade. Justamente hoje pude entender como isso é incrível. Tudo pelo que passei pôde me ensinar a valorizar cada momento bem vivido que tive nessa temporada. Foi como um amigo disse: “ é preciso entender que a tristeza tem fim e a alegria também” mas que eu saberia apreciar os momentos de alegria e notaria como eles são incríveis, porque eu já sabia como é sentir o contrário.

O que eu cresci e aprendi nesses 45 dias representam um ano inteiro, com certeza. Foram INTENSOS e isso é o mais incrível. É maravilhoso ter um coração vulcânico. Indescritível sentir, poder me valorizar e a todos que puderam participar desses momentos. Saber dar valor as pessoas é mágico, não ser desapegada é maravilhoso. Sentir e não apenas passar. Me entregar é lindo. Viver é inacreditável e é por isso que eu choro, me arrepio, e sempre me emociono. Valeu e está valendo cada segundo, inclusive os ruins, porque eles também estão me construindo.

Poder contar com tanta gente boa ao meu redor é uma benção. Eu abri os olhos e ninguém sabe o tamanho da gratidão que eu sinto por isso ter acontecido. Ninguém sabe o quanto eu sinto. Ninguém sabe o quanto eu me orgulho do meu coração vulcânico. Eu sinto e falo! Se algo de ruim acontece por isso, aprendi a apenas lamentar pelas pessoas que não sabem lidar com o tamanho do meu amor, mas sei que amar não é erro. Eu sou linda e que bom que eu não sou outra pessoa. Porque se eu fosse uma pessoa leve, talvez eu apenas passasse por aqui, sem entender o real valor do fôlego. E isso aqui vale a pena demais.

ise figueirôa